domingo, 8 de março de 2009

PINACOTECA

PINACOTECA

Histórico da Pinacoteca
A Pinacoteca do Estado é o museu de arte mais antigo da cidade e certamente um dos mais importantes do país. Nasceu no prédio inicialmente construído para abrigar o Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo. Por isso, a história da Pinacoteca confunde-se em seus primórdios com a implantação do Liceu, e sua presença no edifício – conturbada por uma série de eventos históricos, como os conflitos de 1930 e 1932, além de reformas – alternou-se com transferências temporárias para outros locais, como o prédio da Imprensa Oficial e o pavilhão no Ibirapuera.No momento de sua inauguração, que se deu em 24 de dezembro de 1905, o acervo da Pinacoteca consistia em 26 pinturas de importantes artistas que atuaram na cidade, como Almeida Júnior, Pedro Alexandrino, Berthe Worms, Antonio Parreiras e Oscar Pereira da Silva, oriundos do Museu Paulista (então Museu do Estado). Nos seus primeiros anos, a Pinacoteca ocupou uma única sala no terceiro piso. Não era ainda um órgão autônomo em relação ao Liceu, o que só aconteceria em 1911. Durante suas primeiras décadas de existência, a Pinacoteca voltou-se à ampliação de seu acervo, com ênfase na arte brasileira do século XIX. Contudo, este perfil começa a mudar a partir 1967, com as gestões de Delmiro Gonçalves, Clóvis Graciano e Walter Wey, quando se iniciaram as reformas do prédio, ampliaram-se as atividades do museu e mudaram os critérios de escolha de obras, que passou a ser feito pelo Conselho de Orientação da Pinacoteca, criado em 1970. A partir de então, a significativa coleção de arte brasileira do século XIX passava a ser complementada, pouco a pouco, por obras representativas de períodos posteriores.Uma série de profícuas gestões, contribuiu, cada uma a seu tempo, para o enriquecimento do acervo da instituição e para sua adequação às condições museológicas de excelência, que hoje tornam a Pinacoteca um museu de referência internacional. De um espaço restrito a especialistas, transformou-se em espaço de inclusão, recebendo os mais diferentes segmentos da sociedade. De uma única e imutável exposição com obras do acervo, evoluiu para um programa de mostras temporárias sobre as mais variadas questões de arte e da cultura, associado a mostras de longa duração com trabalhos de seu acervo. De um corpo funcional composto por um conservador, como estipulava sua regulamentação de 1911, passou a contar com um quadro com mais de 50 técnicos e cerca de 100 funcionários, todos altamente qualificados. Redimensionou seu relacionamento com a escola formal, conquistando um papel de aliança e complementaridade. No lugar do trabalho amador, ainda que dedicado, colocou a museologia como referencial científico para propor e implementar suas políticas. De uma iniciativa isolada do Estado, constituiu-se em ação articuladora das esferas pública e privada. Neste contexto, celebrar o primeiro centenário da Pinacoteca do Estado de São Paulo se configura como o momento ideal para uma necessária reflexão sobre sua atuação. Ao longo destes 100 anos, o balanço de realizações é significativo: um acervo de mais de 6 mil obras, nas mais diversas técnicas, de autoria de mais de sete mil artistas diferentes, que oferece um dos mais abrangentes panoramas da arte brasileira dos séculos XIX e XX; alguns milhões de visitantes (mais de um milhão somente nos três últimos anos); dois prédios com mais de 20 mil m2 de instalações técnicas adequadas: o centenário edifício da Luz, onde foi criada, e, mais recentemente, o antigo prédio do DEOPS, atual Estação Pinacoteca; centenas de publicações que se constituem em referência básica da história de nossas artes visuais; centenas de mostras que revelaram e consagraram criadores e obras as mais distintas; conhecimento e experiência consolidados em todas as áreas do campo museológico, da conservação e restauro à educação para públicos especiais. Para além desses indicadores concretos, há um universo impossível de ser dimensionado. Uma das responsabilidades fundamentais do museu de arte na atualidade é educar o olhar e sensibilizar o espírito, criando as condições indispensáveis para o exercício completo da cidadania. Mas a grande tarefa do museu contemporâneo, nesta era virtual, é ainda, reafirmar a individualidade, o espiritual, o homem como agente criador, único e insubstituível. É para enfrentar este desafio que a Pinacoteca do Estado se repensa e se amplia incessantemente, preservando o passado e acolhendo o futuro.
HISTÓRIA

Ao ser inaugurada, em 25 de dezembro de 1905, a Pinacoteca contava com 26 pinturas de artistas ligados à tradição oitocentista e clássica, a saber: Pedro Alexandrino (8), José Ferraz de Almeida Júnior (4), Antonio Ferrigno (1), Benjamin Parlagreco (3), Antonio Parreiras (2), Oscar Pereira da Silva (4), Pedro Weingärtner (2) e Berthe Worms (2). Em sua maioria, eram trabalhos adquiridos pelo Estado de São Paulo, por intermédio da Secretaria do Interior, inicialmente para figurarem no Museu do Estado (atual Museu Paulista); outros foram oferecidos pelos próprios artistas ou personalidades locais e, no caso da obra Cozinha na roça, de Pedro Alexandrino, a doação foi condicionada pela concessão de bolsa de estudos no exterior. A esse conjunto foram acrescentadas 33 obras quando da regulamentação da Pinacoteca como museu estatal em 1911: trabalhos de Georgina e Lucilio de Albuquerque, Dario e Mario Barbosa, Torquato Bassi, Benedito Calixto, João Batista da Costa, Aurélio de Figueiredo, José Monteiro França e Eliseu Visconti. Forma-se, dentro de uma tradição oitocentista e clássica, uma coleção de qualidade. Contribui para o incremento do acervo a regulamentação de decreto que institui o Pensionato Artístico em 1912, por meio do qual ocorreu a doação de várias obras à entidade, destacando-se a incorporação de trabalhos de Victor Brecheret, Alípio Dutra, Anita Malfatti, Túlio Mugnani, José Wasth Rodrigues, entre outros. O acervo continuou se expandindo, sem contar com uma orientação definida. Da formação até os anos 1930, os trabalhos que compõem a coleção provêm de doações de famílias abastadas da sociedade local – incluindo obras de artistas franceses importadas por galerias em funcionamento no período –, aquisições do Estado e doações dos próprios artistas, com destaque para a grande quantidade de retratos. Importante fato a sublinhar é a presença, entre as inúmeras obras oitocentistas, dos quatro primeiros trabalhos de artistas ligados ao Modernismo, que passam a integrar o acervo da instituição a partir de meados da década de 1920: Victor Brecheret, com a doação do gesso La porteuse de parfum (1927); Anita Malfatti, legando ao museu Tropical e mais duas cópias da época em que participava do Pensionato Artístico (março de 1929); Lasar Segall, com a aquisição da obra Bananal, em 1928, e Tarsila do Amaral, com São Paulo, adquirido no ano seguinte. Na década de 1930, temos o ingresso da obra Mestiço de Candido Portinari (1934).A partir de 1934, com a criação do Salão Paulista de Belas Artes, parte das obras que ingressam passa a vir por essa via, com valores qualitativos desiguais, várias delas ligadas a um academismo muitas vezes anacrônico. Como conjunto significativo de doações, podem ser destacados, entre outros, os espólios de Henrique Bernardelli (1937), J. M. Azevedo Marques (1949) e Alfredo Mesquita (doações em 1975 e 1976, e espólio em 1994), este último enriquecendo o contingente de obras modernistas e modernas; cabe destacar ainda a aquisição do espólio de Pedro Alexandrino (1944) e de um conjunto de cerca de quatrocentas gravuras de Marcelo Grassmann (1969). A partir dos anos 1970, o acervo passa a abrigar novas categorias, como a fotografia e a reprografia, e são realizadas mostras sistemáticas, rediscutindo a arte brasileira e a própria coleção da instituição, com aumento do número de obras datadas dos anos 1940 até a atualidade. Destaca-se, nas gestões de Aracy Amaral, Fábio Magalhães e Maria Cecília França Lourenço, a entrada de obras relacionadas à Arte Concreta, à Nova Figuração, ao Pop e a outras tendências, além da inclusão de trabalhos de jovens artistas, prática que teve continuidade com os diretores seguintes. Desde a década de 1990, uma política de ampliação do acervo deu prioridade ao preenchimento de alguns claros históricos, e houve crescente valorização da coleção de esculturas, contando a instituição atualmente com cerca de 7 mil obras, a única na cidade a abrigar conjunto significativo da arte brasileira dos séculos XIX e XX.
http://www.pinacoteca.org.br (acesso em 09/02/2009)

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